Nascemos no mesmo ano, com 9 dias de diferença e com uma criação familiar mais diferente ainda.
Vivemos por 17 anos passando por lugares em comum para nós dois, mas nunca nos cruzamos. O destino quis assim.
Nos conhecemos aos 18 anos, de um jeito comum, sem nenhuma história digna de um romance de cinema. Ainda lembro da roupa que ele usava e das mentiras que contou pra conseguir um único beijo.
Depois do beijo, vivemos 3.740 dias juntos. Nos apaixonamos por todas as versões de nós dois durante todo esse tempo e compartilhamos todas as histórias que não havíamos vivido juntos antes de nos conhecermos.
Não há nada que eu não conheça dele e ele de mim. Eu sabia que era capaz de amar, mas não imaginava que conseguiria tanto.
Mas amor não é certeza de nada quando se existe destino.
Eu sentei no chão da sala e esperei ele voltar por 30 minutos.
Ele saiu pela porta do nosso apartamento com todas as malas e não voltou.
Foi como se a última chama de esperança de salvar meu relacionamento se apagasse dentro do meu coração.
Eu sabia que daqui em diante, viveria até o último dia da minha vida sem meu grande amor e melhor amigo.
Esse será mais um fardo, dentro tantos acumulados, que terei de carregar.
Não há mais nada que eu possa fazer.
A dor nos ombros que carregava há 3 anos e que se manifestava fisicamente nos últimos dias se dissipou.
Uma parte de mim foi embora naquela noite.
Mas talvez, pode ser, por algum motivo, que o destino nos cruze novamente.
Quem sabe.